POR QUE ESTUDAR A PROFECIA BÍBLICA?

Muitas pessoas demonstram uma atitude negativa para com a profecia bíblica. Alguns dizem: “Minha preocupação é apenas com o momento presente; portanto, não me incomode com ideias acerca do futuro”. Outros afirmam: “Se ninguém consegue entender as profecias da Bíblia, por que dar-se ao trabalho de estudá-las?”. Há outros, ainda, que declaram: “Nós não estudaremos a profecia bíblica em nossa igreja porque ela provoca divisões!”.
Os defensores da Teologia da Substituição, entre outros, alegam o seguinte: “Na Bíblia há pouquíssimas, se é que existem, profecias relativas a acontecimentos futuros que transcendem o nosso tempo. Quase todas as profecias bíblicas se cumpriram até o final do primeiro século d.C.”.
Essas atitudes levam as pessoas a desconsiderarem de 20% a 25% da revelação de Deus nas Escrituras – revelação essa que Deus preparou para que o homem dela se aproprie e lhe obedeça.
Seguem abaixo algumas importantes razões pelas quais os crentes em Cristo devem estudar a profecia bíblica:

É impossível entender o propósito de Deus para a história sem a profecia bíblica

Deus declarou:
“Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade; que chamo a ave de rapina desde o Oriente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei” (Is 46.9-11; cf. Is 14.24,26-27).
 
Esses textos das Escrituras revelam a existência de um único Deus verdadeiro, o qual tem um propósito soberano para a história. No passado, Deus planejou e determinou aquilo que aconteceria na Terra; além disso, Ele, por intermédio dos profetas, declarou ao ser humano os acontecimentos futuros, até mesmo o fim da história desta Terra. Então, no decorrer da história, Deus soberanamente leva ao pleno cumprimento tudo aquilo que Ele planejou, determinou e declarou através dos profetas. Ninguém pode impedir que Deus cumpra Seu propósito soberano para a história.
Nabucondonosor, rei de Babilônia, entendeu que o Deus da Bíblia controla a história. Após Deus discipliná-lo com uma espécie de doença mental e levá-lo a viver como um animal selvagem, Nabucodonosor disse:
“Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn 4.34-35).
As Escrituras proféticas são o registro escrito do que Deus predisse ao homem, por intermédio dos profetas, acerca dos acontecimentos futuros, inclusive do que diz respeito ao fim da história desta Terra. Por conseguinte, ninguém pode entender o propósito de Deus para a história sem o estudo da profecia bíblica.
Não é sem motivo que o Apocalipse foi o último livro da Bíblia a ser escrito. Deus planejou que esse livro fosse o ponto culminante de Sua divina proclamação à humanidade, porque prediz a maneira pela qual Ele dará cumprimento a Seu propósito para a história. Por isso, aqueles que evitam o estudo do livro de Apocalipse continuarão ignorando o modo pelo qual Deus alcançará o Seu objetivo.

A profecia bíblica é uma excelente ferramenta de evangelização

Deus fez o registro dos acontecimentos futuros nas Escrituras Sagradas, não para satisfazer nossa curiosidade, mas para que fosse um instrumento de transformação da vida das pessoas de todas as gerações. Deus utiliza a profecia bíblica para advertir as pessoas descrentes quanto ao juízo vindouro e ao dia da vingança que Ele preparou para este mundo rebelde e para todos os que se recusam a receber Seu gracioso dom da salvação pela fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus que foi crucificado, sepultado e que ressuscitou dos mortos. O Espírito Santo usa a profecia bíblica para convencer os perdidos da necessidade urgente de confiarem em Cristo, agora mesmo, como seu único Salvador, antes que seja tarde demais para eles.
Eu fui testemunha da conversão de pessoas que chegaram ao conhecimento da salvação em Jesus Cristo através da pregação da profecia bíblica. Por exemplo, o Espírito Santo agiu através do ensino da profecia bíblica para conduzir oito funcionários do escritório de uma empresa e um supervisor escolar à fé salvadora em Cristo durante a conferência que dirigi numa igreja. Todo crente que se esquiva do estudo e do ensino da profecia bíblica perde a oportunidade de usar uma eficiente ferramenta de evangelização que o Senhor nos concedeu.

É impossível entender o plano de Deus para Israel sem a profecia bíblica

1. No passado

Deus estabeleceu um relacionamento exclusivo com a nação de Israel:
“Porque tu és povo santo ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra” (Dt 7.6; cf. Dt 14.2).
 
Além disso, as Escrituras afirmam que Deus estabeleceu esse relacionamento com Israel para sempre. O rei Davi disse para Deus: “Estabeleceste teu povo Israel por teu povo para sempre” (2 Sm 7.24). Na realidade, o apóstolo Paulo menciona que, apesar da incredulidade da nação de Israel, a sua eleição ou vocação da parte de Deus para tal relacionamento exclusivo nunca há de mudar (Rm 11.26-29).
Blackstone

 
Deus não estabeleceu esse relacionamento com a nação de Israel porque ela era superior às demais nações. Moisés declarou aos israelitas: “Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos” (Dt 7.7). Pelo contrário, Deus estabeleceu tal relacionamento porque ama essa nação e tem um propósito soberano exclusivo para ela (cf. v. 8).
Deus soberanamente planejou que a nação de Israel desempenhe um papel estratégico no cumprimento do propósito que Ele determinou para a história. Um dos aspectos dessa tarefa-chave é o de propiciar grandiosa bênção ao mundo inteiro através da descendência física de Abraão.
Deus fez a seguinte promessa a Abraão: “Nela [i.e. na “tua descendência”] serão benditas todas as nações da terra...” (Gn 22.18). O fato de que Deus confirmou essa mesma promessa a Isaque, filho de Abraão, bem como ao neto de Abraão, Jacó, cujos doze filhos se tornaram os cabeças das doze tribos de Israel, é um indicador de que Deus planejou trazer essa benção prometida ao mundo através da nação de Israel (Gn 26.4; Gn 28.14).
Deus já trouxe grandes bênçãos ao mundo através de Israel. A Bíblia chegou até nós por intermédio dessa nação. O apóstolo Paulo escreveu que “aos judeus foram confiados os oráculos de Deus” (Rm 3.1-2). O Messias-Salvador veio ao mundo por nascimento através do povo de Israel. Paulo se refere aos judeus como o povo do qual “descende o Cristo, segundo a carne” (Rm 9.5). Em virtude do Messias que proporcionou a salvação a todos os povos ser um judeu em Sua humanidade, a salvação veio através de Israel. O próprio Jesus afirmou: “...a salvação vem dos judeus” (Jo 4.22).

 

2. No futuro


 
A profecia bíblica mostra outro aspecto do papel estratégico desempenhado por Israel que ainda aguarda cumprimento futuro. Deus só vai aniquilar Satanás e suas hostes, assim como só estabelecerá Seu futuro governo teocrático no mundo, a partir do momento em que Israel se converter a Deus de todo o seu coração e aceitar seu Messias-Salvador. Os capítulos 12-14 do livro de Zacarias revelam que, no futuro, quando os governantes e exércitos de todas as nações gentílicas vierem contra Israel, o povo judeu verá o Messias descer do céu para livrá-lo (Zc 12.1-9). Atentos às evidências de Sua crucificação ocorrida no passado, os israelitas mudarão de atitude em relação a Jesus Cristo e chorarão por Ele “como se chora amargamente pelo primogênito” (Zc 12.10). Então Deus os purificará de seu pecado (Zc 13.1).
O Messias destruirá os comandantes do mundo e seus exércitos, bem como aprisionará Satanás no abismo pelo período de mil anos (Zc 14.1-3,12-15; Ap 19.11-21; Ap 20.1-3). Em seguida, Ele inaugurará o Reino Teocrático, governará como “Rei sobre toda a terra”, e Israel se tornará o líder espiritual do mundo (Zc 14.9,16-21; Ap 20.4-6).
Os judeus serão “chamados sacerdotes do Senhor” e os gentios os “chamarão ministros [i.e., servos] de nosso Deus” (Is 61.6). “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Naquele dia, sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco” (Zc 8.23).
 
Lamentavelmente, os crentes em Cristo que adotam a Teologia da Substituição em vez da Teologia Dispensacionalista insistem na idéia de que Deus não estabeleceu um relacionamento exclusivo com Israel para sempre. Eles acreditam que, pelo fato de Israel ter rejeitado a Jesus em Sua primeira vinda, Deus rompeu o relacionamento especial que mantinha com aquela nação e substituiu Israel pela Igreja do Novo Testamento. Eles admitem que Deus salvará judeus no plano individual, mas alegam que Ele não mantém nenhum propósito para a nação de Israel no plano nacional.

 
Essa crença enganosa influencia seu modo de pensar no que concerne ao direito que Israel tem de existir na atualidade como um Estado Nacional situado no Oriente Médio. Tais cristãos desconsideram a profecia bíblica ou interpretam-na de modo alegórico, o que também os leva a rejeitar a idéia de que Deus irrevogavelmente designou Israel para que, no futuro, desempenhe um papel estratégico no cumprimento de Seu propósito para a história.

Deus pretende que o estudo da profecia bíblica purifique nossas vidas e mude nossas prioridades

Estes dois aspectos da revelação profética servem a tal propósito:

1. A iminência da volta de Cristo

O termo iminente significa “aquilo que paira sobre a cabeça de alguém; aquilo que está prestes a sobrevir ou acontecer a alguém; aquilo que está muito próximo de ocorrer”. Portanto, um acontecimento iminente é aquele que continuamente “paira sobre a cabeça de alguém”, constantemente pronto a sobrevir ou surpreender uma pessoa. É algo que está sempre muito próximo no sentido de que pode acontecer a qualquer momento. Outras coisas podem ocorrer antes de um acontecimento iminente, mas nunca são obrigatórias para que tal acontecimento se dê. Se algo tem de ocorrer antes de determinado acontecimento, é prova de que tal acontecimento não é iminente. Também não se pode estimar um período de tempo predeterminado para que um acontecimento iminente ocorra.
Assim, a iminência da volta de Cristo significa que Sua próxima vinda está sempre “pairando sobre nossa cabeça”, constantemente prestes a nos sobrevir ou acontecer, próxima a todo instante, no sentido de que pode acontecer a qualquer momento. Outras coisas podem ocorrer antes de Sua vinda, mas nada precisa obrigatoriamente acontecer para que a volta de Cristo se dê.
Uma vez que não sabemos com exatidão o momento em que Ele voltará, não podemos estimar um período de tempo predeterminado que anteceda a Sua chegada. Por essa razão, sempre devemos estar prontos para encontrá-lO a qualquer momento.
Muitos estudiosos da Bíblia, dentre vários contextos eclesiástico-teológicos, chegaram à conclusão de que o Novo Testamento ensina ou faz alusão à volta iminente de Cristo nas seguintes passagens: 1 Coríntios 1.7; 4.5; 15.51-52; 16.22; Filipenses 3.20; 4.5; 1 Tessalonicenses 1.10; 2 Tessalonicenses 3.10-12; Tito 2.13; Tiago 5.8-9; 1 João 2.28; Apocalipse 3.11; 22.7,12,17,20.
Na carta de Tiago 5.8-9, o escritor indica claramente que, em virtude do fato de que Cristo pode voltar a qualquer momento e defrontar-se com os santos de Sua Igreja como Juiz, os crentes em Jesus devem ser cuidadosos na maneira pela qual tratam seus irmãos em Cristo:
“Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às portas” (Tg 5.8-9).
A volta iminente de Cristo deve fazer diferença em nosso procedimento e modo de vida. Devemos viver uma vida santa, consagrada, dia após dia e a todo instante, porque exatamente no momento seguinte Cristo pode passar pela porta do céu e vamos nos deparar com Ele face a face.
O apóstolo João destacou essa mesma realidade quando escreveu estas palavras aos salvos em Cristo: Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados na sua vinda” (1 Jo 2.28).

2. A futura destruição da Terra e do Universo atuais

O apóstolo Pedro escreveu: “Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas” (2 Pe 3.10). Pedro predisse a futura destruição desta Terra em que vivemos e do Universo atual, o que inclui a destruição de tudo aquilo que o ser humano projetou e realizou na história deste planeta. Todas os nossos bens materiais do presente momento serão destruídos.

 
À luz dessa certeza, Pedro faz esta advertência aos crentes: “Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade” (v. 11).
O argumento do apóstolo Pedro é o seguinte: a vindoura destruição desta Terra, do atual Universo e de todos os nossos bens materiais, como um fato que um dia há de se concretizar, deve moldar nossos valores, prioridades e modo de viver. Temos de ser santos em nossa conduta diária. O desejo de agradar e glorificar a Deus deve ser aquilo que nos motiva, proporcionando-nos o autêntico propósito e sentido da vida – não o dinheiro, os bens materiais ou o sistema mundial da atualidade. Uma vez que todas as realidades terrenas são temporárias e estão destinadas à destruição, é preciso que ajustemos nossos valores e prioridades àquelas realidades do futuro estado eterno (vv. 13-14).
A profecia bíblica é um dos elementos constituintes das Escrituras Sagradas. Aqueles que a consideram irrelevante e não a estudam manejarão equivocadamente “a Palavra da verdade” e cairão em erro teológico. (Renald E. Showers)

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