Lemos em Lucas
23.32-33: "E também eram levados outros dois, que eram malfeitores,
para serem executados com ele. Quando chegaram ao lugar chamado Calvário,
ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à
esquerda". O Senhor Jesus tinha predito que, com relação
à Sua execução, toda a Escritura teria de se cumprir, inclusive
a passagem que diz que Ele seria contado com os malfeitores (Lc 22.37). Ele
referia-se a Isaías 53.12, onde está escrito: "Por isso,
eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele
o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores;
contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu".
Aproximadamente 700 anos depois, a profecia cumpriu-se literalmente quando o
Senhor Jesus foi crucificado no meio de dois malfeitores. O Evangelho de Marcos
também relata que "com ele crucificaram dois ladrões,
um à sua direita, e outro à sua esquerda. E cumpriu-se a Escritura
que diz: Com malfeitores foi contado" (Mc 15.27-28). Mateus 27.44 diz
que os dois malfeitores zombaram do Senhor Jesus juntamente com as pessoas que
passavam por eles, com os soldados, sumos sacerdotes e anciãos: "E
os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que
haviam sido crucificados com ele". Mas um desses malfeitores apercebeu-se
do engano que estava cometendo e mudou sua atitude em relação
a Jesus. Ambos haviam presenciado a oração de Jesus por aqueles
que O pregavam na cruz: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o
que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes"
(Lc 23.34). Eles também viram Jesus, em meio à dor insuportável
que estava sofrendo, preocupado com Sua mãe e com Seu discípulo
João (Jo 19.25-27). Além disso, foram testemunhas da relação
profunda entre Jesus e Seu Pai, e como o Senhor Jesus orava sem que uma maldição,
reclamação ou uma palavra sequer de amargura passasse pelos Seus
lábios. Eles viram-nO igualmente pregado na cruz como um cordeiro, totalmente
submisso, suportando com paciência todo o desprezo e a zombaria do povo.
Mas um deles se convenceu que Jesus tinha de ser mais do que diziam que Ele
era. Seria verdade o que haviam escrito como acusação na cruz,
acima de Sua cabeça: "Jesus de Nazaré, rei dos judeus"?
Esse malfeitor reconheceu repentinamente sete coisas significativas a respeito
de Jesus:
1. Que Jesus
era sem pecado, absolutamente inocente, mas que estava dependurado na cruz como
se fosse um amaldiçoado (Lc 23.40-41).
2. Que eles
estavam errados zombando de Jesus, principalmente seu colega de infortúnio
(v. 40).
3. Ele próprio
foi repentinamente tomado pelo temor de Deus (v. 40).
4. Na presença
de Jesus ele percebeu que era pecador (v. 41).
5. Ele se arrependeu,
pois sabia que Jesus entraria em Seu reino, reconheceu e confessou que só
através dEle teria entrada no céu (v. 42).
6. Com essa
oração ele também confessou que Jesus é o Senhor:
"...quando vieres no teu reino" (v. 42).
7. Ele demonstrou
uma fé profunda e admirável (v. 42).
A clara e imediata
resposta de Jesus não se fez esperar: "Em verdade te digo que
hoje estarás comigo no paraíso" (v. 43; veja também
2 Co 12.4; Ap 2.7).
Nesse momento
podemos nos perguntar: que chances Deus dá a um malfeitor, a um ladrão,
a um homicida? A resposta é: todas! – O perdido só precisa vir
a Jesus e clamar pelo Seu nome com coração arrependido. Mas não
devemos esquecer que o Deus Todo-Poderoso considera todas as pessoas como malfeitoras:
"justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos
e sobre todos os que crêem; porque não há distinção,
pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3.22-23).
Vemos que essa passagem fala de "todos", sem exceção.
Somos todos pecadores, todos carecemos da glória de Deus.
Isso significa que não temos nada de bom para apresentar a Ele. Mas também
está escrito que a justiça de Jesus é concedida a todos
os que crêem nEle.
Os malfeitores
na cruz eram ambos pecadores. Um, porém, agarrou a primeira oportunidade
e voltou-se para Jesus; o outro perdeu sua última oportunidade. Os dois
estavam igualmente próximos de Jesus, mas um espaço infinito separava
um do outro. O abismo entre os dois está personificado na palavra "graça".
Um continuou com sua zombaria e manteve seu orgulho, permanecendo em seu pecado;
o outro, porém, orou: "Jesus, lembra-te de mim..." e
experimentou toda a graça do perdão. Por toda uma vida ele havia
roubado, matado e cometido pecados – mas o arrependimento sincero e profundo,
expresso em uma única frase, abriu-lhe as portas para o paraíso
divino. Isso é graça! Um estava no limiar do inferno e entrou
no paraíso, o outro estava muito próximo do paraíso e foi
para o inferno. Em Jesus decide-se o futuro e a eternidade das nossas vidas.
Um morreu profundamente amargurado, com o coração tomado de incerteza,
o outro morreu na paz da certeza de entrar no reino de Jesus. Jamais alguém
esteve tão próximo da salvação como esses dois malfeitores
crucificados ao lado de Jesus. Eles viram com seus próprios olhos a Jesus
pregado na cruz como o Cordeiro de Deus no altar do sacrifício. Isso
era tão claro e óbvio que até o centurião exclamou
mais tarde ao pé da cruz: "Verdadeiramente, este era o Filho
de Deus" (Mc 15.39).
Com base em
Isaías 53.12, creio que o Senhor Jesus orou pelos dois transgressores,
mesmo que isso não seja mencionado nos Evangelhos. Com certeza o malfeitor
perdido ouviu a oração de seu parceiro entregando-se a Cristo
e ouviu também a resposta de Jesus a essa oração, mas manteve
sua postura de rejeição. Muitos vivenciam a conversão de
outras pessoas mas permanecem intocados em seus corações e não
querem achegar-se a Jesus. Se uma única oração de confissão
e arrependimento basta para levar-nos ao paraíso, é terrível
quando uma pessoa passa a vida inteira protelando essa decisão e, freqüentemente,
no final de sua vida, não consegue mais chegar ao Senhor.
O malfeitor
salvo mostra-nos que mesmo no final da vida a misericórdia e a graça
podem nos alcançar. O malfeitor perdido, porém, exemplifica de
maneira muito vívida que não devemos deixar o arrependimento para
mais tarde, porque então pode ser tarde demais.
Ouvi a história
de um evangelista que foi procurado por uma mulher de 75 anos de idade que desejava
ser aconselhada espiritualmente. Eles procuraram um lugar sossegado para conversar,
e a mulher contou que aos 25 anos de idade havia engravidado contra sua vontade.
Como isso representava uma vergonha muito grande para toda a família,
ela não contou nada a ninguém e emigrou para o norte, para bem
longe de sua parentela. Lá ela deu à luz ao seu filho e matou-o.
Ninguém desconfiou de nada, mas ela carregou em seu íntimo esse
fardo insuportável por 50 anos. Ela e o evangelista ajoelharam-se e essa
mulher sofrida reconheceu seu pecado diante de Deus e pediu perdão ao
Senhor Jesus. Como uma nova pessoa ela ergueu-se dos seus joelhos. O evangelista
perguntou à mulher por que ela não tinha se chegado antes a Jesus,
ao invés de viver durante 50 anos com a consciência pesada, pois
ninguém precisa carregar um fardo quando há alguém que
se oferece para carregá-lo. O pecado é terrível, mas
o mais terrível é levá-lo para a eternidade!
Se hoje você
sabe, no fundo de seu coração, que precisa de Jesus, então
decida-se agora por Ele. Não espere mais nem um momento! Se hoje
Deus lhe oferece a oportunidade de perdoar todos os seus pecados, então
seria uma tolice não aceitar essa oferta! (Norbert
Lieth -
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