Imagine se fosse hoje: Uma grande festa está sendo oferecida em Brasília em uma cobertura triplex de um condomínio de luxo que fica de frente para o lago Paranoá. Os convidados são pessoas públicas. Entrevistadores famosos como Amaury Jr e vários fotógrafos da revista Caras estão cobrindo o evento. Muitos rostos já estamparam famosas revistas e jornais de circulação nacional. Alguns são famosos por terem se envolvido em esquemas de corrupção no alto escalão do governo. São servidores públicos e pessoas conhecidas por terem uma vida distante de Deus e de seus princípios. O anfitrião é um conhecido servidor público, odiado pela maioria das pessoas da sociedade, pois também está envolvido com enriquecimento ilícito. A primeira surpresa da festa é a notícia de que o famoso cobrador de impostos da cidade de Cafarnaum está abandonando seu posto por uma causa maior. Mas a maior surpresa fica para o homenageado desta festa, o Senhor Jesus Cristo. O mesmo aceita o convite, a homenagem que lhe é oferecida pelo seu mais novo discípulo, e se alegra com o banquete e seus convidados. No entanto, os religiosos e autoridades eclesiásticas se manifestam publicamente reprovando a atitude de Jesus. Como pode o Rabino e Mestre Jesus se assentar para comer com pessoas desta estirpe? A resposta de Jesus é simples: “Os são não precisam de médico, e sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento”. Lc 5:27-32
“Uma igreja imperfeita para pessoas imperfeitas” foi o que Jesus pretendia fundar aqui na terra, tendo em vista as pessoas que Ele chamou para formar a Sua igreja. Jesus disse que não veio chamar justos, mas pecadores ao arrependimento. O chamado que Jesus fez para Mateus  na coletoria e o banquete que lhe foi oferecido em seguida (Lucas 5:27-32) cria um pano de fundo muito interessante para Jesus desenvolver o propósito de Sua Missão. E sem dúvida nos faz repensar sempre a missão da igreja. Corremos o risco de parecermos mais com os religiosos da época de Jesus do que com o próprio Jesus dos evangelhos.
Os religiosos da época de Jesus eram pecadores como os demais, mas se achavam justos. Apesar de toda religiosidade, estavam distantes de Deus e impossibilitados de compreender o amor e a misericórdia de Deus. A doutrina da justificação pela graça de Deus se revela não apenas na salvação eterna, mas em toda a vida da igreja: não podemos nos esquecer que nosso culto, nossas orações, nossas obras, etc, nunca jamais poderiam satisfazer e alcançar o padrão de Deus que é a perfeição, e só são aceitos por Deus pela intermediação e aperfeiçoamento de nosso Senhor Jesus Cristo. O verdadeiro cristão deve buscar aperfeiçoar sua vida e obras segundo a Palavra de Deus, mas ciente de que sem a intermediação de Cristo, santificação do Espírito, nada seria aceito por Deus. Por mais que aperfeiçoemos nossos cultos, orações, vida e obras, sempre estaremos distantes do padrão estabelecido por Deus. Nunca homem algum poderia satisfazer a justiça e padrão estabelecido por Deus em área alguma da vida humana. Somente pela graça e misericórdia de Deus é que somos aceitos por intermédio de Jesus Cristo.
Por mais erudito e piedoso que seja o pregador, seria em vão todos os sermões de sua vida se não fosse a graça de Deus. Por mais eloquente que venha a ser nossa oração, não passaria do teto, se não fosse a graça e misericórdia de Deus. Por mais elaborado, equilibrado, reformado, regulado de acordo com determinados princípios… que for nosso culto, sabemos que se não fosse o sangue de Jesus derramado na cruz, Deus jamais haveria aceito um culto se quer oferecido pelo homem. Assim, as nossas igrejas continuarão imperfeitas e recebendo pessoas imperfeitas para adorar Aquele que é perfeito.
No entanto, assim como a certeza da salvação em Cristo jamais deve nos levar ao comodismo, do mesmo modo, a certeza de que nossos atos espirituais são aceitos única e exclusivamente pela intermediação de Jesus, também não deve nos levar ao comodismo. Pelo contrário, sabendo que Deus aceita o que em nome de Cristo lhe oferecemos, devemos em tudo, buscar o padrão de Deus estabelecido em Sua Palavra, sabendo todavia que nunca iremos alcançá-lo perfeitamente nesta vida,  mas devemos prosseguir em buscá-lo, como disse o Apóstolo Paulo: “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.” Fil 3:12
Que o Senhor, através deste conceito simples, nos de a graça de caminhar humildemente em sua presença, na dependência total e exclusiva de Sua e misericórdia. E como o Senhor Jesus, possamos ir em direção às pessoas que de fato necessitam de médicos, quer sejam desconhecidos de um incógnito vilarejo do sertão brasileiro, ou famosos e corruptos das grandes capitais, todos necessitam do arrependimento.
 
Paula Jordem